Já conseguimos tapar uma área do tamanho da Índia na camada de ozônio. A previsão é que o buraco esteja totalmente fechado até 2065. A redução se deve ao Protocolo de Montreal, firmado em 1987. Provamos que é possível reverter danos de escala planetária. É hora de dar o passo seguinte.
O tratado promoveu a eliminação gradual do uso de cerca de cem substâncias usadas em equipamentos de refrigeração, incluindo os famigerados CFCs. E além de estar tapando o buraco na camada de ozônio, apresentou um efeito colateral benéfico: reduziu 20 vezes mais as emissões de gases do efeito estufa do que o previsto pelo Protocolo de Quioto.
A partir daí, nasceu a ideia de usar o Protocolo de Montreal como arma contra as mudanças climáticas também. E, de 10 a 14 deste mês, as nações signatárias se reúnem em Kigali, Ruanda, para discutirem uma emenda ao tratado. Há razões para sermos otimistas: recentemente, representantes de cem países reunidos em Nova York se comprometeram a apoiar uma emenda com metas ambiciosas. Só assim será possível cumprir as determinações do Acordo de Paris. Mas, infelizmente, o Brasil ficou de fora.
A eliminação ou redução drástica do uso dos HFCs (hidrofluorcarbonetos, os principais substitutos hoje dos CFCs) em aparelhos de refrigeração e um investimento maciço em tecnologias com maior eficiência energética poderá reduzir entre 100 e 200 bilhões de toneladas de emissões de gases do efeito estufa até 2050. Isso representaria um refresco de 0,5 °C, fazendo com que as metas do Acordo de Paris (que prevê a um aquecimento máximo de 2° C) fossem atingidas mais cedo. E aí, vamos melhorar esse clima?
Artigo escrito por Uma Gota no Oceano