Causa Psicológica dos Acidentes

Causa Psicológica dos Acidentes

Artigo publicado no Jornal STOP, edição 65

Norberto  Keppe,
Extrato do livro A Medicina da Alma,

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Nós vivemos numa sociedade constituída por indivíduos neuróticos. Dentre eles, existem inúmeros com acentuada tendência autodestrutiva. Vamos supor o caso de um acidente aviatório. Será que a morte, ou as consequências do desastre poderiam ser atribuídas à população da nave?

É evidente que, muitas vezes, alguns escapam com vida, em vários acidentes graves, enquanto que outros mesmo estando em lugares privilegiados (os passageiros localizados na cauda do avião podem melhor se salvar), perecem.

Um desastre pode ser atribuído a uma ou várias pessoas. A uma, no sentido de ser o agente físico mais próximo, aquele que se esqueceu de recolocar um parafuso no motor, ou o que perdeu o controle da máquina, precipitando-a. Mas, as outras pessoas formam o grupo dos que aceitam a autodestruição, por motivo de seus sentimentos de culpa.

Conhecida personagem da Igreja Católica de São Paulo, em visita à Santa Casa de Misericórdia, declarou a uma madre que aquela seria a última vez que a via.

No dia seguinte, o avião em que havia embarcado, para um voo até o Rio de Janeiro, sofreu um acidente, perecendo ela e seus companheiros.

O inconsciente sabe coisas que nós não sabemos. Ele dirige nossos destinos com uma mão de ferro. Assim como existem pessoas que procuram a autodestruição, outras a evitam.

J. M. chegou cedo ao aeroporto de Congonhas, esperando a sua vez de embarcar. No momento em que foi chamado, começou a se angustiar, e pediu a sua transferência para outro avião. Pois bem, aquele, no qual deveria ter embarcado, precipitou-se no solo, perecendo todos os seus tripulantes.

A vida e a morte podem surgir num minuto, mas a sua preparação é muito longa.

Aqueles que possuem a tendência para se acidentarem têm vários traços em comum: são geralmente submissos, têm sentimentos de culpa e sua libido é interiorizada. Porém, os graus de autodestruição variam; de modo extremado, existem os psicóticos, aqueles que sofrem de forte depressão, sendo capazes de chegar ao suicídio.

Os supersticiosos aconselham não se passar debaixo de uma escada aberta, levantar com o pé esquerdo, voltar para casa se cruzar com um gato preto etc. etc. Ora, quem acredita nesses fatos, possui acentuada tendência para se acidentar, e, sob a influência de uma autossugestão, poderá realmente se prejudicar.

“O inconsciente sabe coisas que nós não sabemos”

Os antigos romanos, se, ao sairem de casa, tropeçassem, voltariam imediatamente, temendo qualquer perigo iminente. Era o aviso que o inconsciente transmitia, pois aquele dia poderia ser funesto, pelos estragos que poderia causar.

Não existe coincidência para a vida psíquica. Geralmente as pessoas mais desajustadas, as hostis aos regulamentos, têm maior probabilidade de sofrer acidentes, o mesmo acontece aos jovens que têm notas baixas na escola e são mal comportados dentro e fora de casa.

A atuação do indivíduo em sociedade pode ser de um modo passivo, masoquista, ou ativamente e sadicamente, no sentido de agredir o semelhante. Assim sendo, os “humilhados e ofendidos”, que Dostoievsky nos relata em seu livro, continuarão na mesma rota, indefinidamente, até que acordem para a realidade e se revoltem, com resultados trágicos.

O inconsciente não é somente patológico. Ele possui uma enorme carga, muito útil, e as leis de compensação psíquica são sempre atuantes.

Alguns que nunca se acidentaram podem, repentinamente, lograr um desfecho dramático, chegando ao suicídio. Outros permanecerão toda a existência enredados em pequenos acidentes, que os trarão mais ou menos bem adaptados ao nível de autodestruição de seu inconsciente. Um terceiro grupo sofrerá um acidente grave, e depois se reajustará definitivamente. O segundo caso é o mais passível de estudo, pela sua própria natureza.

Um fato que merece destaque é que essa tendência destrutiva não é privilégio apenas do campo dos acidentes, ela invade todos os outros setores de nossa existência: a profissão, o estudo, a economia, a vida social etc. Pode ser notada através da criação de inimizades com superiores, colegas ou subordinados; com uma atitude hostil ao ambiente em geral; ou assumindo uma posição humilhante ou atrevida.

Os “fortes” dominam os “fracos”. Essa lei da selva continua imperando em nossa moderna civilização, e parece que tão cedo não nos livraremos dela. Mas, é necessário que os bons reajam, porque os maus (sádicos) têm grande pavor de ver suas tendências agressivas descobertas e eliminadas do convívio humano. Até agora, confundimos bondade com fraqueza — são duas coisas bem diferentes.

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