Conhece-te a Ti Mesmo

Conhece-te a Ti Mesmo

Artigo publicado no Jornal STOP, edição 39

Norberto R. Keppe, psicanalista,
extrato do livro A Origem das Enfermidades (Psíquicas, Orgânicas e Sociais)

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A tolerância com a visão dos erros é fundamental, para que o ser humano chegue ao famoso aforismo socrático: «Conhece-te a ti mesmo», e principalmente para a correção da patologia individual e social. O mal é a inconsciência, e o bem a consciência; por este motivo, o indivíduo delinquente não tem percepção de seus males – então, podemos dizer que o mal é a alienação e o bem o conhecimento.

Como o leitor poderá ver, antes do funcionamento intelectual existe uma série de fatores que determinam ou não o conhecimento, ou seja, que o entendimento vem em consequência de uma atitude anterior ligada aos sentimentos e vontade.

Podemos colocar aqui o grau de ética que o ser humano aceita ter, é que irá fixar o nível de percepção que atingirá.

Existem três elementos fundamentais que ocasionam a doença: o primeiro evidentemente é a inveja, que pode ser identificada à inconsciência freudiana; o segundo é a resistência ou censura à consciência, que impede de perceber a causa da enfermidade – e o terceiro e como consequência dos dois anteriores é a projeção, quando o ser humano já doente joga todas as suas mazelas no mundo exterior. Mas, dentre os três, o que se torna mais atuante e perigoso durante o transcorrer da doença é a censura que o homem realiza, impedindo que sua mente trabalhe com a consciência, sobrecarregando toda a composição psicofísica. E a censura se caracteriza pela atuação sem ética.

Neste quadro A Projeção, Catinari mostra que a mulher embaixo vê a si mesma em todas as outras.
Neste quadro A Projeção, Catinari mostra que a
mulher embaixo vê a si mesma em todas as outras.

– Sonhei que estava abraçando e beijando uma mulher gorda e asquerosa, falou a cliente C.S.

– A que associa essa mulher? perguntei.

– Vícios, coisas do passado.

– O sonho conscientiza como a sra. é apegada à sua patologia, aos seus vícios – mostrando como não quer mudar em sua conduta.

A atitude desta cliente esclarece dois fatos: primeiro, o desejo de permanecer na patologia (que causa prazer), e o segundo, o horror em conservar uma conduta errônea que só envilece.

TRIO INFERNAL DAS NEUROSES Existem três elementos fundamentais que ocasionam a doença: inveja, censura e projeção.
TRIO INFERNAL DAS NEUROSES Existem três elementos fundamentais que ocasionam a doença: inveja, censura e projeção.

De início o ser humano tem a inveja, que depois censura; se esta (censura) for muito forte, projeta nos outros os problemas que tem. Praticamente a censura advém com a inveja, e é de acordo com o seu grau; o indivíduo mais censurado tem um sistema de inveja mais forte – e consequentemente uma extremada projeção.

– Sonhei que vi P.J. caindo no chão e J.P. censurando tal atitude, falou C.G.

– A que associa a atitude de P.J. e de J.P.? perguntei.

– À primeira associo ruindade, e à segunda censura.

Como podemos ver tanto a conduta de ruindade, como a de censura convivem no mesmo plano – podendo-se afirmar que o processo de censura é o mais pernicioso de todos.

O conhecimento advém da consciência que é um elemento anterior a ela, um misto de intelecto e sentimento; mas de qualquer maneira, para que a pessoa tenha consciência tem de se aceitar ver como é, com todos os seus defeitos – só que neste caso, essa «aceitação» só acontece com o desejo de correção. Notem os leitores que a vida psíquica é algo bastante intrincado, com um elemento ligado a outro, e todos eles intercorrelacionados como se fossem uma enorme teia – e assim como a teia, podendo quebrar-se se faltar um ou outro, ou não funcionar bem se algum deles for defeituoso.

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