O Sonho Fornece a Percepção Pura da Realidade Humana

Artigo publicado no Jornal STOP, edição 19

Norberto R. Keppe,
Extrato do livro Metafísica Trilógica, Vol. II – Fenômenos Sensoriais “Transcendentais”,

O neurofisiologista francês, Michel Jouvet, estudou os sonhos através do eletroencefalograma, notando que existem três fases: 1) estado de vigília, 2) um segundo de sono, 3) e finalmente o de sonho, quando o corpo não demonstra qualquer atividade muscular, fechando totalmente suas portas ao mundo exterior — mostrando que o sono é o guardião do sonho, e não o contrário como pensava Freud.

Mas o que acredito ser mais importante é sua descoberta que o sonho é formado por um processo energético que toma posse do cérebro — o que a ciência tentou negar até hoje. Jouvet afirma ainda que o sonho faz parte de um sistema interno totalmente diferente do social (que procura o tempo todo criar robôs); por esse motivo pensa que o sonho descondiciona esse tipo de vida em sociedade, permitindo ao ser humano retornar à sua autenticidade (“Révélations Sur Le Sommeil et Les Rêves“, L’Express, 20 de fevereiro de 1992, págs. 80 a 88).

Caminho para o crescimento

De certa maneira estes dados confirmam a ideia de Jung quando via no processo onírico um meio de equilibrar a personalidade, algo como uma mensagem que o indivíduo deveria saber para conseguir sanidade e desenvolvimento; esta é a causa por que o fenômeno onírico é ligado não só ao que acontece no momento, como no passado e também no futuro — sendo este o meio de abrir caminho para a humanidade caminhar e crescer; seria como se algo de incrível progresso puxasse o ser humano para o mundo dos “sonhos”, não só em seu sentido estreito como lato.

R.P. sonhou com a vinda de Cristo para a Terra, havendo uma enorme alegria que inundou a todos; em seguida viu Lúcifer perseguindo-o intensamente, por causa de seu trabalho para formar o Reino de Deus.

— Eu corria e clamava pelo auxílio dos anjos e santos; de repente parei e resolvi enfrentar Satã, suplicando a Deus que me ajudasse; imediatamente ele perdeu a força e começou a se afastar.

Estou esclarecendo como a consciência funciona perfeitamente no sonho, desde que os fatos que apareceram diziam respeito à realidade transcendental em que vivia o cliente.

No sono, a censura diminui

Como Jouvet descobriu, o sonho é proveniente de um sistema interno do indivíduo, ou melhor, da consciência pura que não foi deformada pela influência social. Freud notou que à noite durante o sono a censura diminui (A Medicina da Alma, Norberto R. Keppe, pág. 79), motivo pelo qual a consciência capta melhor os fenômenos sensoriais; estou dizendo que a mente tem seu alcance aumentado, podendo perceber (ver, ouvir, sentir e conhecer) fatos que nem conseguiria imaginar durante seu tempo de vida diurna, que é sempre redutora em relação à essência.

A existência social que vigora atualmente não é somente diferente da essência, mas se opõe como se fosse uma força brecando-a, impedindo o ser humano de se desenvolver, daí o motivo da revolta dos jovens na década de 60 contra qualquer instituição, contra toda a proibição (É Proibido Proibir); a consciência que advém diretamente da essência só funciona corretamente livre de qualquer peia — de certa forma isso é realizado nas artes, dai o combate que os filhos da escuridão empreendem contra ela.

Durante o sonho a consciência aflora quase totalmente revelando-nos fatos difíceis de serem reconhecidos à primeira vista; mas ao acordar o indivíduo esquece ou não consegue entender seu significado.

— Apareceu em meu sonho um local muito artístico onde pessoalmente nunca estive: parecia uma casa enfeitada com estátuas, como se fosse museu ou moradia antiga; tenho a certeza que jamais vi tal cena anteriormente, mesmo em filme.

— O senhor pode ter colhido essa visão até mesmo da mente de outra pessoa, já que o pensamento emite ondas que são captáveis diretamente pelos neurônios — para não falar que os seres espirituais também têm essa possibilidade.

A mesma energia (escalar) de 10 milhões de anos de idade é a que usamos hoje, assim como a que existe à distância de 100 milhões de anos luz é exatamente a mesma que age onde estamos. Este fato mostra nosso relacionamento com todos os tempos e lugares; a questão é conseguir captar ou não tal energia.

No sonho estamos em maior contato com a energia escalar, motivo pelo qual podemos nos colocar em qualquer época da vida ou lugar, como se estivéssemos vivendo aquilo durante o período onírico — não podemos nos esquecer que muitas previsões aparecem nesse momento.

O principal fenômeno humano é o energético, e não o conhecimento como tem sido considerado há séculos; estou mostrando que a mente apanha tudo através das ondas, nem sempre sabendo interpretar o que significa, tal a distância que se colocou em relação à realidade, devido às interpretações falsas e aos sentimentos negativos (inveja, arrogância e manias).

Não é o cérebro que elabora o que existe, constituindo apenas em seu transmissor, podendo ser impedido disso por causa de nossas falhas; toda a metodologia e hipóteses que aventei foram tentativas para corrigir tal situação aceitando a consciência dos erros — e o sonho provavelmente é o principal meio do homem para retornar ao real.