Que Tipo de Eternidade Você Escolheu?

Norberto R.  Keppe* Extrato do  livro A Medicina da Alma, pág. 106, 2ª edição
Artigo publicado no Jornal STOP edição 85

Em nossos trabalhos psicanalíticos, tentamos compreender o ser humano por um mecanismo mais dinâmico e atuante, que denominamos de transconsciente, isto é, consciência da transcendência.

Pela análise dos neuróticos, fomos observando que, à medida que seus distúrbios emocionais são corrigidos, eles procuram resposta para certos anelos de caráter espiritual:

“O que é a morte?”

“Quem criou o mundo?”

“O que o homem faz aqui?”

“Existe vida depois da morte?”

O próprio mestre da Psicologia do Inconsciente dedicou os últimos anos de sua existência a esse assunto. Publicou em 1927 O Futuro de uma Ilusão, depois Uma Neurose Demoníaca no século XVIII, Uma Experiência Religiosa e estava escrevendo um trabalho sobre Moisés, quando faleceu.

O caminho seguido por ele, em sua psicologia, é o trilhado por todas as pessoas que fazem psicanálise, e pela própria ciência.

Na Europa, a criação de várias escolas de Análise Existencial, ultimamente, é justamente devido ao deslocamento parcial da problemática do instinto para o espírito. Provavelmente, com a divulgação das descobertas freudianas e com as milhares de pessoas psicanalisadas no mundo inteiro, os casos mais típicos de histeria estão ficando relativamente raros.

Como nossos leitores poderão notar, procuramos através da Psicanálise Moderna completar o esquema freudiano dos instintos, com um outro espiritual. Na verdade, examinando-se o componente neurótico da personalidade, vamos encontrar dois elementos principais: um relacionado estreitamente com o sexo e outro com a religião.

O primeiro é formado até os 5 anos de idade, através de várias fases: duas orais, duas anais e uma fase fálica, com o Complexo de Édipo. Toda a psicanálise freudiana é baseada na resolução dos conflitos surgidos nesse período.

No entanto, dos 6 aos 10 anos de idade, surge uma fase muito importante no destino da pessoa, o da intelectualização ou espiritualização, pois é nessa época que a nossa mente vai formar a sua maneira própria de encarar o mundo, a sua Weltaunchauung (visão de mundo), como diz muito bem a língua alemã.

É nesse período que vai se formar o transconsciente: a ideia de um Criador, o comportamento religioso, o desejo de saber o que vem depois da morte etc. Poderíamos chamar a este fato como o Complexo do Divino.

Esse tempo é responsável pelo modo com que a pessoa vai julgar os fatos espirituais a sua vida inteira. Grande parte de seu equilíbrio posterior, vai depender de sua integração a essa realidade.

A Psicanálise Integral pretende continuar a pesquisa de Freud, investigando o motivo por que a consciência humana procura, espontaneamente, explicação a fatos como “quem criou o mundo”,“como começaram a existir os primeiros homens e as coisas”, “o que conserva o movimento dos astros”, “a necessidade de se admitir um Deus criador” etc. etc.

Não pretendemos afirmar que a ciência deve substituir a religião, mas levar o homem a resolver todos os entraves, que o prejudicaram, nesse sentido, Esse é o papel da Psicanálise Integral (Trilogia Analítica).

Sugestão de Leitura


 

medicina-da-alma-01-566x605A Medicina da Alma

“Os cuidados com a alma não favorecem apenas a saúde orgânica, mas trazem maior perfeição ao corpo.” Norberto R. Keppe
Publicado inicialmente em 1967, este livro é o clássico mais importante no campo da medicina psicossomática no Brasil até os dias atuais.

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