O Perfil Psicológico do Alérgico

Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco* - Extrato do livro De Olho na Saúde - ABC da Psicossomática Trilógica
alérgico

O mecanismo que desencadeia a maior parte das alergias tem sua origem na conduta psíquica neurótica do doente. Podemos compreender esse fenômeno fazendo uma analogia do que acontece no organismo e o que se passa na vida psíquica.

O alérgico é uma pessoa que reage exageradamente contra as experiências da vida, vendo-as como uma ameaça exagerada. Ou seja, aquilo que é normal e até apreciado por muitos, o alérgico vê como um ataque a si. É uma pessoa que, como seu organismo, irrita-se muito com as coisas e pessoas ao seu redor, isola-se dentro de seu mundo e torna-se excessivamente defensiva - não necessariamente agressivo - causando-se em consequência uma série grande de sofrimentos desnecessários.

Normalmente, não conseguem usufruir daquilo que os outros usufruem, tornando-se pessoas desconfiadas, fechadas, irritadiças e não raro “neurastênicas”, já como uma consequência natural da sua visão de mundo hostil.
Tornam-se cansados de tanto se defender de tudo como sendo ameaça à sua vida, bem como cansados dos próprios sintomas que fabricam para si mesmos.

Outra característica do alérgico é a teimosia, posto que geralmente também reage defensivamente ao que os outros lhe falam. Chegam a colocar dificuldades até em seguir a orientação dos médicos ou dos que podem orientá-los para uma vida mais saudável.

Muitas vezes, o alérgico tem um histórico de vida não muito feliz, mas não seria essa a causa de sua reação superdefensiva. Geralmente ela se origina em uma incapacidade que ele tem de lidar, de se defender apropriadamente dos problemas.

De outro lado, ele também sofre de uma inversão psicológica mais acentuada que os demais, vendo o bem, aquilo que pode lhe trazer gosto e alegria como outro perigo em potencial. Daí o fato de pessoas serem alérgicas a leite (símbolo de afeto, de alimento materno), a chocolate (símbolo de algo prazeroso e proibido), chegando a rejeitar até o ar que respiram (no caso dos asmáticos). Não raro se impõem um regime de vida muito disciplinado, austero, sem se permitir muitos prazeres.

De outro lado, ele também sofre de uma inversão psicológica mais acentuada que os demais, vendo o bem, aquilo que pode lhe trazer gosto e alegria como outro perigo em potencial. Daí o fato de pessoas serem alérgicas a leite (símbolo de afeto, de alimento materno), a chocolate (símbolo de algo prazeroso e proibido), chegando a rejeitar até o ar que respiram (no caso dos asmáticos). Não raro se impõem um regime de vida muito disciplinado, austero, sem se permitir muitos prazeres.

Atendi a clientes alérgicos que apresentavam justamente essas características de personalidade, mostrando-se resistentes em demonstrar e aceitar demonstrações de afeto e que tinham dificuldade em se descontrair em situações de diversão com amigos ou mesmo sozinhos, em usufruir da natureza, enfim em se abrirem para a vida.

Alguns deles, alérgicos ao pólen das flores, entravam em crise no auge da primavera, demonstrando a contração experimentada diante da beleza intensa (problema de inveja). O alérgico também tem alergia àquilo ou a quem mais gosta, como no caso de determinadas comidas ou até mesmo ao sêmen do homem amado. Bebês têm alergia ao leite da mãe...


Continuação do artigo

A sociedade moderna é muito desequilibrada


Porque as sociedades modernas criaram cidadãos com maiores problemas de alergia?

Deixando-se de lado os problemas de poluição já conhecidos, vamos admitir que a sociedade moderna incentive problemas de projeção, de inversão de valores, de alienação, de aumento de desconfiança, de intolerância, enfim uma grande "desumanização" dos seres. Emoções negativas são encorajadas e a visão do mundo tornou-se muito hostil e até mesmo ameaçadora.

O cidadão moderno está realmente sempre sendo atacado e aprende a ser insensível a tudo o que lhe é mais caro: a verdade, a beleza, a bondade, o amor...

Não é difícil, o indivíduo que faz análise curar-se definitivamente de suas alergias apenas conscientizando-se de sua reação de alergia à vida. À medida que a pessoa vai tendo consciência de como esse mecanismo inconsciente se opera, ela deixa de criar, dentro de seu organismo, a causa de seu sofrimento.

*Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco, vice-presidente da SITA - Sociedade Internacional de Trilogia Analítica, psicanalista e escritora.


www.editoraproton.com.br

(11) 3032-3616

Visitantes: