Os Problemas Não Causam Doenças, Mas as Atitudes Que Temos Com Eles

Norberto R. Keppe* Extrato do livro Trilogia Analítica, pág. 59

Não são os problemas que ocasionam as neuroses, psicoses e doenças orgânicas, mas sim a conduta que temos com eles – aliás, em si, os problemas não existem, mas eles se formam quando o ser humano nega, omite e deturpa sua existência.

– Estou trabalhando na interpretação para o inglês, em um Congresso de Finanças, e cheguei à conclusão de que os participantes são totalmente delirantes, disse o cliente em sua sessão de análise.
– Por que acha isso? perguntei.
– Por que eles negam, omitem ou deturpam a visão da verdade.


O leitor poderá notar que o ser humano cria suas dificuldades, ao não querer ver as omissões, distorções e negações que pratica com a consciência da realidade.
– Dr. Keppe, o ser humano tem problema, quando não quer ver a criação do que não existe por si.
– Explique melhor.
– Como o problema não existe por si, o ser humano inventa a existência do inexistente, que aparece em sua imaginação.


Os problemas são causados pela conduta do ser humano de impedir o funcionamento da consciência – se não fosse assim, pessoa alguma sofreria tão profundamente de qualquer problema, mesmo que fosse externo.

– Todo namorado que encontro me causa problema, e tenho que desistir.
– A que associa os namorados?
– Afeto.
– Neste caso, a sra. está dizendo que sua vida afetiva lhe traz problemas.
– E o namorado não?
– O namorado representa o que a sra. realiza com seu afeto.


A questão afetivo-sexual chama muita atenção, justamente por causa dos sentimentos que afloram aí – e nem tanto pelo seu aspecto fisiológico.

– Nossos companheiros de trabalho são difíceis, e eu me fecho.
– Sua ideia é que seus problemas vêm de fora.
– E não vêm?
– Seus problemas existem porque a sra. não sabe lidar consigo mesma.


Pessoa alguma sofre tanto com o que existe no mundo exterior, mas com o que acontece em seu íntimo, principalmente devido a sua fuga de si mesmo.


Continuação do artigo

– Dr. Keppe, quando atendo o povo americano, noto que ele só conta fatos, sem manifestar qualquer emoção.
– Como o sr. analisa essa atitude do povo americano?
– Uma total fuga da consciência, e ao mesmo tempo um impasse à análise.


Esse fato mostra como esse povo não é analisável, colocando todo problema proveniente do mundo exterior – em outros povos e indivíduos, como se ele fosse infalível.

– Tenho a impressão que a procura excessiva do sexo, serve para a gente se desviar da vida psíquica.
– Como chegou a essa conclusão?
– Porque o tempo que se gasta pensando ou fazendo sexo, às vezes tira horas e horas de alguma ação útil.


Vamos dizer que a doença consiste na conduta de colocar todo problema fora da atitude psicológica, como se todas as dificuldades viessem de fora – e nós fôssemos as eternas vítimas.

*Norberto Keppe é fundador e presidente da SITA - Sociedade Internacional de Trilogia Analítica (Psicanálise Integral), psicanalista, filósofo e físico (pesquisador independente) com mais de 35 livros publicados.


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