Keppe dedicou sua vida a pesquisar os meios pelos quais o ser humano poderia construir uma vida com qualidade e dignidade.
Na sua profissão de “médico de almas e da sociedade” (psicanalista e cientista social) percebeu logo de início que a competição entre os “sábios” de cada campo só serve para criar uma esquizofrenia psicossocial, isto é, para fazer adoecer tanto a sociedade quanto o indivíduo, afastando cada vez mais o homem da razão, da verdade e do conhecimento da realidade.
Completou, logo que pôde, a unificação dos campos do conhecimento, aliando a teologia à metafísica e à ciência. As artes e a experimentação psicanalítica foram os elementos catalisadores, e o resultado chamou-se Trilogia Analítica. A partir dela, Keppe conseguiu um instrumento prático e avançado para analisar tanto o ser humano (que também é trino em sua estrutura: sentimento, pensamento e ação) quanto cada setor do conhecimento e da sociedade: a ciência da Psico-sócio-patologia.
Assim como a essência do ser humano é universal, e universais são as ideias verdadeiras, o conhecimento também deve ser universal. Os fatores que fazem adoecer um chinês são os mesmos que causam o adoecimento de um branco, índio ou negro. O elemento que leva ao desenvolvimento o italiano é o mesmo que pode desenvolver o alemão, o árabe, o judeu, etc. O homem universal (homens e mulheres) precisará aceitar a unificação do aspecto “feminino” (a intuição e consciência) com o aspecto “masculino” (intelecto, experimentação), se não quiser permanecer aleijado psíquica e fisicamente. Até o uso dos hemisférios cerebrais tem sido prejudicado devido a esse corte interior com a intuição e consciência.
Àqueles que dizem ser a verdade “relativa”, Keppe argumenta que a mentira não o é. Portanto, a verdade também não. O “relativo” é uma criação da mente humana. O que varia entre raças, religiões e culturas são os particulares, os aspectos secundários e consequentes dos essenciais, que são universais.
Podemos assim considerar que, com a criação da Psico-sócio-patologia, Keppe criou uma ciência universal – posto que pode atuar com problemas de todos os campos e de todos os indivíduos e sociedades. Corrigindo a patologia no interior do homem, poderemos corrigir a patologia da estrutura social.
Keppe cita em seu livro, O Homem Universal, na página 25, o seguinte:
“Quando foi elaborada a filosofia, os gregos pré-socráticos usaram de uma solução sensualista (540 a 475 a.C.), depois outra racionalista, através da Escola Eleática (580 a 444 a.C.), em seguida uma conciliação física (500 a 428 a.C.), e finalmente a psicológica (480 a 425 a.C.); foi neste último período que surgiram grupos de professores ambulantes, conferencistas, enciclopedistas e diletantes, introduzindo conhecimentos de moral, direito, economia, política, retórica e filosofia, tendo a finalidade de despertar no povo o amor pela verdade, formando o homem universal.
(…) O ser humano vive basicamente nos universais, pois cada particular exato vem deles. É fundamental viver os universais para ter contato com a transcendência, alcançar a imortalidade e a felicidade também neste mundo.”
Extrato do livro História secreta do Brasil de Cláudia B. S. Pacheco
Psicanalista e escritora, com 12 livros publicados. Vice-presidente da SITA, presidente e fundadora da Associação Keppe & Pacheco e da STOP a Destruição do Mundo.
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