Artigo publicado no Jornal STOP, edição 52
«É preciso ser mais virtuoso para suportar a prosperidade do que a sorte adversa.» (La Rochefoucauld)
Norberto R. Keppe,
Extrato do livro A Origem das Enfermidades
O bem sempre é difícil de ser aceito; acostumamo- -nos a pensar que desejamos o bem, porque seria uma conduta racional – no entanto, agimos basicamente pelas emoções, que se fundamentam no sentimento de inveja, que é invertido.
O invejoso é invertido porque rejeita o sim, o bem e a felicidade – e depois que consegue o mal para sua vida, se queixa por não se sentir bem; a saúde e bem-estar dependem da aceitação do indivíduo.
Para haver saúde, o indivíduo tem de ter gratidão, mas se o grau de inveja for muito elevado, ele não aceita de maneira alguma ser grato.
A inveja é dirigida justamente às pessoas e coisas que são mais indispensáveis, tornando-se um «sentimento» contraditório: ao mesmo tempo que necessita daquela pessoa, nega e se opõe – impedindo- se de usufruir aquilo que mais precisa.
Neste caso, o indivíduo invejoso destrói a fonte de sua felicidade e bem-estar.
O que fazer com o invejoso se ele rejeita o que mais gosta e necessita? Este é o terrível dilema em que o ser humano assim se coloca.
– Acredito que não sarei ainda, falou I.M., em sua sessão de análise, e começou a chorar.
– Mas, constatou sua doença com algum médico?
– perguntei.
– Não, eu é que estou pensando que estou doente, e continuou soluçando.
– Então neste caso, a senhora chora porque desconfia que está doente, ou devido a notar que está sã?
DEDICATÓRIA:
Este livro foi escrito para você, caro leitor:
1)porque não existe ser humano algum na face da Terra que não tenha neurose;
2) e se você não quiser perceber seus problemas, será um grande azar para sua vida – justamente porque este é o caminho para sanar a patologia psíquica que existe em todos os seres.”
(Norberto Keppe)
Como o leitor vê, conscientemente a cliente deseja a saúde – mas inconscientemente quer a doença; posso dizer que geralmente o inconsciente é o contrário do consciente – tese que Freud rejeitou, mas que eu acredito válida.
Parece que a primeira conduta patológica é a de impedir, destruir, deprimir tudo o que existe, inclusive a própria existência – comportamento este ligado aos impulsos inconscientes oriundos da psicogenética, motivo pelo qual já pode haver deformações desde a vida fetal; temos forçosamente de admitir que carregamos sem perceber, enorme carga de fatores patogênicos que nos incomodam a vida inteira.
O objeto bom primordial que o invejoso ataca é o ser, que pode ser simbolizado pela mãe, em relação ao infante – mas que na realidade se dirige à vida; desta maneira, temos de admitir que a inveja se caracteriza pela rejeição a tudo o que existe, sendo o fundamento da doença, do fracasso e principal- mente da infelicidade humana. De qualquer maneira Lúcifer foi contra o ser (a vida), transmitindo-nos essa triste «herança».
O pensamento e o sentimento originais são sempre positivos; de maneira que se uma pessoa está se sentindo mal é porque está negando, omitindo ou estragando suas verdadeiras ideias e emoções.
O invejoso ataca principalmente o raciocínio, o afeto e o trabalho, justamente porque lhe trazem benefícios – o que significa que ele não quer o bem para si; na inveja o indivíduo não aceita ter gratidão, porque teria de reconhecer a bondade do próximo.
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