Artigo publicado no Jornal STOP, edição 27
Norberto R. Keppe,
extrato do livro A Libertação
Não é o contato com a realidade, não é o ato de ver, o que nos perturba; não é a coisa que existe, não é o exterior, o pensamento ou a emoção que nos afligem. O único fato que nos angustia e penaliza é a fuga que tentamos fazer continuamente do contato com a consciência, com a verdade – o que sempre nos entristece, infelicita é a resistência que opomos à visão da realidade.
Não é a verdade ou a realidade o que nos martiriza; é a nossa atitude de negação a elas, pois estão profundamente cravadas em nossa mente, carne e ossos, não nos deixando ausentes um milímetro de espaço.
Todos os indivíduos que fogem à conscientização podem ser enquadrados mais ou menos no mesmo grupo; são os doentes psíquicos, propriamente ditos; as pessoas denominadas de primitivas por rejeitar o aperfeiçoamento; são os marginais, os viciados em drogas, os alcoólatras, etc. etc. De modo geral, todos eles têm o mesmo tipo de conduta: podem aparentar calma, mas, assim que solicitados para qualquer eventualidade, desesperam-se, partindo para a fuga ou agressão. Não aguentam qualquer contrariedade.
Temos aparentemente medo de ver a própria realidade (assim todos dizem) devido à aparente confusão que realizamos entre a verdade e a fantasia. Aquilo que geralmente chamamos de real é algo que forjamos e, portanto, não é ela mesma.
Agimos como alunos rebeldes que, enquanto o professor escreve no quadro- negro, nós o apagamos insistentemente – mas sempre havendo sobra de algumas letras e conceitos. Vamos dizer que este é o nosso grande pecado: não querer ver o que é.
Amartano (pecado, em grego) significa privação, ausência; no momento em que negamos o que existe, é que iniciamos nosso inferno. Porém, no exato instante em que o aceitarmos novamente, retornaremos a uma relativa sanidade.
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