Mais de 100 mil manifestantes marcharam no centro de Tóquio nesta segunda-feira (16) para expressar sua oposição à energia atômica, aumentando a pressão sobre o primeiro-ministro Yoshihiko Noda.
No dia mais quente do ano, os manifestantes abandonaram seus lares com ar-condicionado para dizer que o país não precisa de energia nuclear, depois que o desastre de Fukushima no último ano levantou preocupações sobre a segurança da energia atômica.
Foi a maior demonstração desde que Noda afirmou no último mês que o Japão precisaria reativar reatores desligados para verificações de segurança, evitando a escassez de eletricidade que poderia prejudicar a economia.
“Hoje as temperaturas atingiram níveis recordes de alta”, declarou Noda à televisão japonesa, enquanto a cidade sufocava em 36,3 graus Celsius. “Devemos nos perguntar se realmente podemos ficar sem a energia nuclear.”
Noda tem sido cada vez mais pressionado em meio à crescente desconfiança do público sobre a energia nuclear, e seu Partido Democrata do Japão foi atingido no último mês por deserções em massa depois que ele aprovou um aumento impopular de impostos sobre o comércio.
Os Democratas de Noda ainda controlam a maioria da Câmara, mas estão em desvantagem em relação à oposição no Senado. Muitos analistas dizem que novas eleições podem ser solicitadas.
Organizadores do protesto afirmaram que 170 mil pessoas saíram às ruas, fechando uma das principais vias de Tóquio. A polícia estimou o número de pessoas em até 75 mil, relatou a mídia local.
A maioria dos manifestantes era de meia idade – o eleitorado que tem sido a base de apoio dos governos que administraram o Japão durante os anos de crescimento da era pós-guerra, fortalecidos pela energia nuclear, que muitos pensaram ser barata e segura.
“O Japão vai se destruir com a construção de usinas nucleares em um país tão propenso a terremotos”, declarou um manifestante, que deu apenas seu sobrenome, Saegusa.
Todos os 50 reatores nucleares do país foram desligados após o terremoto e o tsunami do ano passado, que provocaram o pior acidente atômico do mundo desde Chernobyl, em 1986.
Anteriormente, a energia nuclear fornecia cerca de 30% da eletricidade do Japão.
O primeiro de dois reatores operados pela Kansai Electric Power Co., que permitiu as verificações de segurança altamente criticadas, foi ligado no começo deste mês, e outro deve ser ativado no final de julho.
A decisão de religar os reatores à medida que os cortes de energia do verão aumentam foi vista como uma vitória pela indústria nuclear do Japão, que ainda é forte.
Mas a desconfiança do povo japonês com a energia nuclear aumentou desde Fukushima, e pesquisas mostram que cerca de 70% querem abandonar a energia atômica, mesmo que não imediatamente.
Traduzido por Jéssica Lipinski
Fonte: Carbono Brasil