O que é Ser Psicanalista?

O que é Ser Psicanalista?

Artigo publicado no Jornal STOP, edição 63

Norberto R. Keppe,
Extrato do livro A Medicina da Alma,

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Obra A Medicina da Alma de Norberto Keppe (www.livrariaproton.com.br)

Uma das constatações mais impressionantes da ciência moderna é a existência de doenças do espírito, chamadas vulgarmente de problemas emocionais ou complexos.

Deste modo, criou-se uma profissão “sui generis”, isto é, diferente das demais, dedicada a um tipo de terapia sem medicamentos, algo um tanto abstrato, uma medicina da alma. Esta é a profissão do psicanalista.

O que é um psicanalista? É um indivíduo que adquiriu profundos conhecimentos sobre os motivos mais íntimos do comportamento humano e ele próprio (isto é de grande importância) se submeteu a uma análise para resolver os seus conflitos intrapsíquicos. Somente dentro destas condições será possível atingir e ajudar a resolver a problemática dos outros.

Ajudar a resolver, e não ele próprio resolver, porque, à semelhança com o remédio, que faz papel de coadjuvante ao restabelecimento físico, na Psicanálise, é a palavra a responsável pelo mesmo efeito. Não é o especialista que cura, é o próprio inconsciente que vai pouco a pouco reagindo às interpretações do analista e, imperceptivelmente, corrigindo sua patologia psíquica.

sigmund-freud-iniciador-da-psicanaliseO psicanalista pode ser um médico, um psicólogo, ou uma pessoa com formação universitária, mas que tenha conhecimentos aprofundados sobre psicopatologia. Qualquer profissional que não satisfaça essa exigência está fadado ao insucesso.

Fato muito importante é que o povo tende a ver no psiquiatra o profissional encarregado da cura de todos os males psíquicos – ignorando que, sem formação adequada, ele próprio é um leigo como qualquer outro, quando se trata de psicanálise. Ele é entendido em doenças mentais, em males cerebrais, orgânicos, e não das neuroses, que são doenças espirituais, portanto, da alma.

Aliás, justamente neste domínio é que o homem é exigido de modo integral, ou melhor, ele tem que possuir capacidade de se dedicar inteiramente ao estudo de uma nova ciência que, por estar no seu início, ainda se presta para tantas opiniões contraditórias e teorias. Ele tem que viver só em função desse trabalho, caso queira obter sucesso.

E o que esta ciência está descobrindo?

O seu iniciador, no seu sentido estrito foi Sigmund Freud, que permaneceu mais no terreno específico das neuroses. Em seus escritos deixou entrever um desenvolvimento da psicanálise em outros setores, no campo da educação, das doenças mentais etc. Porém, somente com Franz Alexander, fundador do Instituto de Psicanálise de Chicago, é que ela igressou definitivamente no domínio também das outras doenças.

Alexander e seus colaboradores forneceram valiosa contribuição às seguintes doenças: nas enfermidades do aparelho digestivo, nos transtornos respiratórios, cardiovasculares, metabólicos e endócrinos, articulares e do esqueleto muscular, inclusive nos acidentes pessoais.

De modo geral, existem três grandes campos, onde a psicanálise ingressou com sucesso: nas neuroses, que é o seu habitat específico, nas chamadas doenças psicossomáticas e nas psicoses.

Para que se compreenda de modo mais completo o valor destas descobertas, é necessário penetrar um pouco no domínio do abstrato, da filosofia.

Existem na mente do homem moderno duas concepções distintas: a primeira criada por Platão, que afirma a existência de dois elementos distintos em nossa constituição, ou seja, um corpo e mais uma alma, como se fossem duas entidades separadas e sem nenhuma relação, de imediato. Esta concepção foi aceita, em sua forma mais absoluta, até quase o início da era moderna, quando outros filósofos a combateram, como Tomás de Aquino, provando ser errônea, e aceitando a orientação de Aristóteles.

Existem três grandes campos, onde a psicanálise ingressou com sucesso: nas neuroses, que é o seu habitat específico, nas chamadas doenças psicossomáticas e nas psicoses.

No entanto, o platonismo continua existindo na mente, não apenas de filósofos, como de teólogos e cientistas que, de toda maneira, pretendem torná-lo viável.

Na Psicologia Profunda tal influência é notável, e nem mesmo Freud foi imune, pois, reiteradas vezes, fez distinção entre o orgânico e o psíquico.

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