Que Doença Você Escolheu?

Que Doença Você Escolheu?

Artigo publicado no Jornal STOP, edição 80

Norberto R. Keppe,
Extrato do livro A Medicina da Alma,
2ª Edição, p. 117

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Obra A Medicina da Alma de Norberto Keppe (www.livrariaproton.com.br)

Será que realmente existe uma relação entre as doenças orgânicas e as psíquicas? E, caso exista, qual é essa relação?

Foi devido a estas duas interrogações que nós nos propusemos à realização de uma longa pesquisa, a fim de tentar inicialmente a descrição de uma psicopatologia característica das moléstias do aparelho digestivo.

Nesta pesquisa, contamos com uma equipe de quatro pessoas, que trabalharam numa clínica especializada em gastroenterologia, utilizando cinco tipos diferentes de testes: a) questionário social, b) questionário de Intro-extroversão, c) autobiografia, d) Szondi-test, e) T. A. T. (Thematic Apperception Test).

Não houve uma escolha deliberada de apenas alguns tipos de doenças, mas demos ênfase especial aos indivíduos portadores de úlceras, tanto as gástricas como as do duodeno, aos doentes com megacolo e do pâncreas.

Concomitante à realização dos testes, fizemos ininterruptamente sessões de psicoterapia, tanto coletivas como individuais, a fim de acompanhar a evolução da maioria dos casos. As conclusões a que chegamos foram as seguintes:

1. Existe realmente um perfil psíquico patológico, inconsciente em indivíduos portadores de moléstias orgânicas, pelo menos, as referentes ao aparelho digestivo;

2. Numa relativa alta proporção (20%, mais ou menos), só o tratamento cirúrgico é insuficiente, pois há a possibilidade da conservação dos mesmos sintomas;

3. Existe também a possibilidade da “deslocação” da problemática física para outro órgão;

4. Encontramos nestes doentes extremas dificuldades no tratamento psicoterapêutico, quase as mesmas observadas com os doentes mentais;

5. Através da pesquisa do inconsciente patológico é até possível uma certa previsão das futuras moléstias orgânicas;

6. As pessoas mais aptas para tratar destes doentes têm os mesmos sinais psicopatológicos — fizemos os mesmos testes com os funcionários da clínica e constatamos, com surpresa, a existência da mesma problemática psíquica.

a) Perfis Psicológicos dos Doentes do Aparelho Digestivo

Segundo os dados que recolhemos através dos testes de personalidade, é o seguinte o perfil psicológico dos vários doentes do aparelho digestivo:

Doentes ulcerosos:

São pessoas extremamente dependentes. Aliás, esta é a sua característica mais típica. Geralmente adoecem quando têm que assumir responsabilidade. São também imaturos e, na maioria das vezes, autodestrutivos.

Doentes com pancreatites:

Apresentam tendências orais pronunciadas. Têm sinais neuróticos mais ou menos graves e nítidas atitudes de fuga da realidade. Aliás, fato esse notado pelo Instituto de Psicanálise de Chicago, dirigido por Franz Alexander.

Doentes com megacolo:

São passivos e incapazes de tomar decisões. São conservadores, isto é, têm atitude retentiva, denominada pela psicanálise de anal. Estes doentes têm pronunciada insatisfação quanto aos seus ideais de posse. Deste modo, desenvolvem durante toda a existência um forte desejo de conseguir riquezas e de melhorar o seu nível econômico. Caso cheguem a enriquecer, são extremamente sovinas.

Doentes com megaesôfago:

Apresentam acentuada atitude retentiva, isto é, um caráter “anal” no qual procuram mais conservar o que têm, do que propriamente ir à procura de novos meios materiais. Têm, portanto, a sua problemática voltada para os seus ideais de posse. São infantis na conduta e incapazes de tomar atitude.

Doentes com hemorroidas:

São pessoas dotadas de extrema insegurança afetiva. São desadaptadas socialmente. Têm complexo de inferioridade e com facilidade se melindram. Existem sinais de dependência afetiva, evidente, em sua personalidade.

Doentes da vesícula:

São dependentes, imaturos e infantis. Caracterizam-se principalmente pela incapacidade de tomar atitudes. Irritam-se com relativa facilidade, quando as coisas não correm como esperavam.

b) Doenças do Aparelho Digestivo e Psicoterapia

Esta pesquisa foi realizada durante um período de três anos, acompanhada de psicoterapia em alguns doentes, que apresentavam uma sintomatologia orgânica análoga, mesmo após o ato cirúrgico.

Uma doente com retocoliteulcerativa: internada no Pronto Socorro, apresentando de dez a dezesseis evacuações diárias. Depois de duas sessões de psicoterapia, teve grande melhora. Recaiu depois de um mês, e novamente voltou a um quadro clínico normal depois das descobertas do motivo de sua recaída.

O seu problema psicológico era o seguinte: ela era casada com um indivíduo sem escrúpulo e desajustado profissionalmente. Habitavam a casa dos pais da moça e dependiam deles para viver. Quando o marido abandonou definitivamente o seu trabalho, apresentou o quadro orgânico acima descrito.

O motivo encontrado em sua recaída foi justamente a recusa terminante do esposo de assumir responsabilidade numa profissão.

Doente com úlceras intestinais: era casada há oito anos, tendo iniciado com os seus sintomas orgânicos, depois de dois anos de casamento. Estava também morando com a família do marido, e sofria de constantes maus tratos. Como não se resolvia mudar, começou com a sua sintomatologia orgânica.

Encaminhada para psicoterapia, depois do ano e meio de tratamento teve alta, e trabalha agora como caixa numa grande firma. Não sente mais cólicas.

Doente gastrectomizada: com 13 anos passou por duas intervenções cirúrgicas, apresentando, no momento, a mesma sintomatologia de antes das operações.

Encaminhada para psicoterapia, passou por sensível melhora.

Abandonou o tratamento e recaiu nos mesmos sintomas. A conselho de seu médico, voltou ao tratamento e apresenta agora grande melhora.

Doente com discinesia vesicular: tem quarenta e dois anos, e foi internado. Encaminhado para psicoterapia, depois de dois meses de tratamento apresentou sensível melhora orgânica.

Doente com discinesia vesicular: tem 32 anos, é empregada doméstica, tendo apresentado seus primeiros distúrbios há seis anos, quando teve graves discussões com a primeira patroa, e teve que se mudar para outra família. Em seu tratamento de psicoterapia, iniciado há um mês, tem apresentado sensíveis melhoras.

No entanto, a maioria dos doentes psicossomáticos, encaminhados para psicoterapia, reagem violentamente contra a hipótese da somatização dos problemas psíquicos, e abandonam o tratamento. Em vista da solicitação dos seus médicos, retornam e somente à medida em que aceitam a análise, é que se aproximam da cura.

Para saber mais matricule-se nos cursos do Instituto Keppe e Pacheco: www.keppepacheco.com

Atendimento Psicanalítico

Psicanalistas formados no método psicanalítico de Norberto Keppe dão atendimento
em sessões individuais e de grupo para adultos, adolescentes e crianças.
As sessões podem ser realizadas pessoalmente ou à distância (por telefone ou skype), em vários idiomas. Informações e marcação da primeira entrevista-teste:

(11) 3032-3616 ou contato@trilogiaanalitica.org

www.trilogiaanalitica.org

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