Artigo publicado no Jornal STOP, edição 22
Norberto R. Keppe,
extrato do livro A Libertação
Parece incrível, mas a psicopatologia é principalmente o resultado do “esforço” que fazemos para não querer ver. A vida está aí à nossa frente e em nosso interior; ela explode para todos os lados, conduz-nos à glória, à realização – e colocamos lhe todos os empecilhos possíveis e imaginários.
Minhas descobertas sobre a luta que empreendemos contra a consciência poderão ser comprovadas por: a) hipnose, b) atos falhos e c) sonhos.
Sob efeito hipnótico a pessoa revela que tem realmente consciência da realidade, procurando sempre escondê-la; o mesmo fenômeno acontece com as ações falhas e os sonhos. E não se pode dizer que sejam só inconscientes, senão jamais apareceriam – até pela lógica, conseguimos refutar tal erro de visão.
Pouco a pouco vamos abandonando algumas idealizações exageradas para acatar melhor a realidade que não temos valorizado devidamente.
Não podemos ver nossa normalidade, pois ela é o que existe por si; portanto, algo totalmente independente de nossa resolução (não nosso). Porém, sentimos o sofrimento porque é proveniente do esforço que realizamos para afastar a realidade de nossa visão – substituindo- a por alguma coisa criada pela imaginação e fantasia. Seria uma “troca” do real pelo fictício – totalmente impossível, como podemos ver, até pela lógica – por este motivo, aliena.
Deste modo, a doença surge pela tentativa que realizamos em estancar a existência. Se este processo for definitivo teremos a cronicidade do mal. A tensão cria-se diante de uma situação polivalente; quando se está numa atitude coerente, não há angústia.
Não existe uma luta entre o bem e o mal, mas sim uma atitude de rejeição ao que existe. Só pode existir, no sentido filosófico o que é bom – senão, nada existiria, pois o que o homem elaborou é a imaginação, aparentemente bela e atraente, mas nefasta e cruel.
Acostumamo-nos a considerar as tragédias como fenômenos comuns, e não como a rejeição ao que existe, numa atitude de impedir a vigência da chamada ordem natural. Não há perigo nas coisas, mas sim na tentativa de não querer que elas apareçam.
Se o homem resolver ver melhor a realidade, passará de uma estupefação para outra, de uma surpresa para outra; ele poderá sentir melhor a incrível beleza e harmonia que existem nas menores coisas e em todo o universo, como se fosse uma melodia lançada no espaço; poderá entrar em contato com o que mostra tudo isso, isto é, com a enorme bondade que a formou, e que, inclusive, trazemos no próprio interior.
Livro-Terapia
Livro considerado terapêutico em decorrência dos benefícios constatados apenas com sua leitura, A Libertação, de Norberto Keppe, é também o mais importante para entender sua obra (Trilogia Analítica – Psicanálise Integral), no dizer do próprio autor. Ele esclarece que não há inconsciente, mas uma luta para se inconscientizar, pois nosso problema fundamental está na recusa ao que a consciência mostra.
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