Artigo publicado no Jornal STOP, edição 21
Norberto R. Keppe,
extrato do livro Terra, O Planeta Ilusório
A civilização humana vem em contínua queda, desde que abandonou sua condição original, no assim denominado paraíso terrestre; seja por que motivo for, o ser humano resolveu deixar todos os seus conhecimentos fundamentais, e iniciar um tipo de existência diferente, podendo-se dizer sui generis – e que não poderia dar certo, evidentemente.
De outro lado, não podemos ignorar a enorme dificuldade que temos agora de chegar ao que é correto, devido ao desligamento com o real.
Não estávamos antes do nascimento no cortejo dos deuses, como falou Platão em seu livro Mênon, mas viemos das mãos divinas que nos formaram, para viver como deveria ser a existência – e infelizmente por causa da inveja e arrogância, abandonamos tal situação (como se pudesse haver outra), e estamos agora em um planeta que deixou de existir, ou melhor, em um mundo que desapareceu.
O encaminhar no tempo levou o ser humano para sua ruína, desde que ele (o tempo) significa o estancamento ao eterno; se o ato foi impedido de se manifestar, a humanidade foi caindo na imobilidade, até chegar a um ponto final de exaustão. Aliás, essa contingência da escolha do tempo comprova a existência do eterno.
De outro lado, assim como antes estávamos no perene, um dia conseguiremos retornar a ele, caso renunciemos ao temporário.
Ao ler este livro, muitos se perguntarão: – Se nascemos dentro do tempo e do espaço, não temos outra saída, senão sermos limitados e doentes.
Isto é um fato, no entanto temos possibilidades ainda de anular o tanto quanto possível esses elementos redutores, para ampliar nossa percepção e a própria vida.
A ideia que sempre predominou na humanidade, desde Francis Bacon (1561-1626) com seu livro A Nova Atlântida, Thomas More (1478-1535) com A Utopia, Aldous Huxley (1894- 1963) com o Admirável Mundo Novo, era que o mundo dos sonhos estava no futuro.
“A contingência do tempo e espaço comprova a existência da eternidade, pois não pode existir o provisório senão dentro do perpétuo”
Em minhas descobertas, esse reino paradisíaco esteve no passado – e só a volta para esse paraíso abandonado, como falou o grande poeta inglês Milton, é que poderá nos dar oportunidade para crescer – o que equivale a dizer que a procura das maravilhas do processo evolutivo, acabará nos transformando naquele animal que nos acostumamos a ver na corrente evolucionista como sendo nossos avós. Não preciso dizer qual é!
O exemplo mais frisante da inversão é o da visão, quando capta a imagem ao contrário, e depois o cérebro a desinverte recolocando- a de pé novamente – o que significa que a percepção sensorial capta de modo invertido, havendo necessidade de usar o raciocínio e o afeto para recolocar tudo em sua verdadeira posição. Tenho esperança de que com a consciência deste fenômeno conseguiremos novamente recolocar em seu lugar todo o bem que deixamos no passado.
“O paraíso foi perdido por causa da inversão em que o ser humano resolveu viver, trocando o psicológico pelo sensorial, o amor e a razão pelos sentidos e instintos.”
Editora Proton:
www.livrariaproton.com.br
(11) 3032.3616