A Sociedade Tem de Ser Teológica – E Não Só Colocar a Teologia na Sociedade

A Sociedade Tem de Ser Teológica – E Não Só Colocar a Teologia na Sociedade

Artigo publicado no Jornal STOP, edição 48

Norberto R. Keppe,
Extrato do livro A Glorificação

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Assim como a sociedade é formada segundo a imagem do ser humano, e com todas as suas virtudes e defeitos, tudo o que existe no universo contém a imagem de Deus. Deste modo, qualquer referência a um tem relação ao outro — mas, pela percepção melhor do Criador, teremos uma formidável captação de tudo o que foi criado, conseguindo chegar a um incrível progresso. Este é o grande valor da revelação.

A revelação é o processo de manifestação de Deus, em todas as coisas — fenômeno que vem se dando desde a criação do mundo, e que culminou um dia com a pessoa que mais foi verdadeira: Cristo. No entanto, não parou aí e cada indivíduo, cada fenômeno, tem o seu grande valor e significado, pois forma um elo a mais, nessa maravilhosa descoberta dos mistérios divinos.

Um simples trovão, um raio que se acenda no espaço; o amanhecer, ou o entardecer; as águas que se agitam nos mares; a vertiginosa velocidade dos astros, no espaço; as galáxias, que se espiralam como fogos de artifício, são figuras que invadem, dia e noite, nossa mente, para contar de “algo” que existe (atrás deles), muitíssimo mais maravilhoso do que eles e que poderão nos levar a consumir toda a eternidade, na contemplação só de alguns de seus aspectos.

Estou dizendo que, desde que nascemos, até daqui há bilhões de trilhões de anos, estaremos extasiados diante dessa contínua revelação, que tem o nome de Criador e que jamais nos cansaremos de louvar.

A mensagem mais otimista, que a humanidade recebeu, foi a revelação trazida por Cristo; ela trouxe todo um universo de luz, incomparável a qualquer outro evento — pois o que fez e falou foi de uma dimensão incomensuravelmente superior a tudo o que conhecíamos, ou poderíamos saber. A distância entre ele e todo o restante da humanidade é tão grande que nos sentimos maravilhados, quando conscientizamos uma ou outra atitude sua.

A grande, a maior luz de todas que tivemos, foi-nos dada por Cristo, por constituir-se no imenso elo, que temos com a eternidade. Ele teve uma situação idêntica à nossa (humana), e outra diferente, porque possuía toda a percepção que não tínhamos. De maneira que, em cada gesto seu, palavra ou sentimento, transparece um universo de magnificência que só os simples (como ele) poderão entender. Existe ser mais simples do que Deus?

O problema da verdade não é filosófico, ou religioso; é psicológico porque, quanto mais enxergamos a negação que fazemos à verdade, mais a vemos — pois a característica da consciência é ser o olhar da eternidade, derramado em nosso interior.

Eu penso que é muito importante conscientizarmos o motivo de ter sido perseguido e morto aquele que foi o maior homem, que já passou por este mundo: Jesus Cristo. Não importa que o consideremos um Deus, ou não — em todo caso, temos de admitir que foi boníssimo, a própria caridade e compaixão, que curou e confortou tendo, ao mesmo tempo, uma capacidade incrível de conhecimento. E não foi apenas ele perseguido; seus ensinamentos demoraram quatro séculos para começar a serem admitidos, na vida social do Império Romano — provavelmente, no setor psicológico, suas revelações até agora, não foram aceitas. Por quê? Eis aqui o X da questão.

Acredito que a Psicanálise Integral, por ser uma ciência, tem condições de esclarecer este grande equívoco, que a humanidade vem cometendo, com grande prejuízo, para si própria. De outro lado, creio que, conscientizando um fato tão maléfico, pessoa alguma irá querer continuar nele. Pelo menos, eu tenho tido uma experiência muito grande a respeito das crianças que, quando põem o dedo no fogo, ou o apertam em uma porta, quando pisam no sabão e caem, mais tarde, evitam pressurosamente retornar a tal atitude. Afinal de contas, estamos fazendo tal inversão, em um outro plano, isto é, com a própria existência; penso que tal coisa não nos é conveniente.

Seria muito útil perceber-se o valor da consciência que é um fenômeno existente por si, como diziam os antigos filósofos helênicos: uma mensagem que parte do interior. Ela e o que melhor define o homem, como sendo um arauto da verdade, ou uma voz que vem do alto, para orientar nosso trabalho de complementação da obra de Deus.

A consciência constitui sempre um valor em si; tanto a percepção de algo positivo é bom, como principalmente do que é negativo. Aliás, a captação deste último é o motivo básico da existência da psicoterapia e o único caminho para atingir a realidade que está antes (e depois) de nossa atitude de negação, omissão ou deturpação. No ser humano é o meio para chegar à verdade, porque é o único empecilho entre nós e Deus.

Tudo o que existe, os tempos passados e futuros, a beleza e magia, toda a bondade e complacência, está sintetizado em nosso íntimo, não como uma chama apenas, mas uma fogueira que arde, para o todo e sempre.

Cada um de nós se constitui em uma luz do Criador, que ilumina sempre, mesmo que não o queiramos — porque não há ser algum, que não se enterneça diante da bondade, que não se inflame pela verdade, e não se extasie frente à beleza absoluta, que captamos por partes, se bem que a saibamos e percebamos no seu total.

Alguns dos antigos pensadores helênicos estavam tão maravilhados com Deus, que achavam que todas as coisas eram parte dele (panteísmo); sabemos que tudo repousa, depende e precisa dele; toda a maravilha e alegria são seus reflexos. Mas Ele próprio é ainda muito maior e, quanto mais o aceitamos, mais participamos da vida que não só veio dele, mas cresce continuamente em nosso interior.

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