O Problema Não é Bem o Sexo, Mas Sua Censura

O Problema Não é Bem o Sexo, Mas Sua Censura

Artigo publicado no Jornal STOP, edição 54

Norberto R. Keppe,
Extrato do livro Escravidão e Liberdade,

livro Escravidão e Liberdade  www.livrariaproton.com.br
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Posso dizer que o problema não é o sexo, mas a censura que o ser humano faz sobre ele.

– Dr. Keppe, não atino por que Freud colocou a neurose baseada em questões sexuais, disse o cliente em sua sessão de análise.

– Qual é a sua ideia sobre o sexo?

– Eu o considero um instinto como outro qualquer, e que devia ser visto assim.

– Por que então, o ser humano dá tanta importância a ele?

– Penso que é devido ao prazer que fornece.

– Só por esse motivo?

– Se não for, qual seria outro motivo?

– Penso que existe enorme censura sobre ele.

De fato, o que é mais censurado redobra sua força, porque se torna em elemento proibido – um bom exemplo é quando se faz a poda das árvores, elas recuperam seu maior poder.

– Eu não entendo por que existem tantos problemas a respeito do sexo, e não há com outros setores.

– O quê, por exemplo?

– Questões de homossexualidade, pedofilia, frieza e impotência.

Note o leitor que na questão econômica existem muito mais dificuldades, como inflação, juros, deflação, lutas entre miseráveis e abastados, países pobres e ricos, e, no entanto, a censura é muito menor.

– Por que em geral, os seres humanos dão tanta importância à vida sexual?

– Qual é sua ideia?

– Não é porque ele é muito ligado ao sentimento de amor.

– O sexo atualmente é usado pelo ser humano, para fugir da realidade da vida.

São três os elementos que a sociedade usa para não cuidar de suas verdadeiras necessidades: 1) o dinheiro, no lugar do amor; 2) a alimentação, com as drogas e o álcool; e 3) principalmente o sexo fisiológico – mas os três poderão ser reduzidos, ao processo invertido de colocar o secundário como sendo o fundamental: a energética material como sendo básica, e não a energia essencial (escalar, de Tesla), que inclusive produz a orgânica.

– Tenho uma vida sexual livre, e nunca estou contente como deveria estar.

– O que acha que acontece?

– Acredito que o sexo pelo sexo não é suficiente para dar total satisfação.

– O que estaria faltando para o sr.?

– Parece que é o amor.

– O sr. quer dizer que falta o aspecto psicológico, ou seja, a energética que vem do campo psíquico.

Existe na questão da libido (termo criado por Carl G. Jung), idêntico problema que no setor da física, de pensar que sexo seria apenas um valor orgânico – e não fundamentalmente psicológico – o que significa que sua principal energia advém do espírito, ocasionando a atração de dois seres energeticamente incompletos, que procuram se completar através da união entre ambos. Vamos dizer que o elemento físico é secundário, ou melhor, é consequência do impulso natural que existe no interior de cada ser humano formando essa necessidade de aproximação ao próximo energético que irá completá-lo.

A Felicidade é Viver Em Função do Bem

Dr. Keppe, finalmente encontrei uma maneira de ser feliz, disse o cliente em sua sessão de análise.

– Qual é essa maneira? perguntei.

– Viver em função do bem do próximo.

Notem os leitores que fomos criados para viver em função do bem das outras pessoas, saindo dessa prisão horrível em que o egocentrismo nos acorrentou — assim como o grande sofrimento vem, ao querer viver só para si mesmo.

– Quando eu penso em viver para toda a humanidade, parece que minha inteligência e sentimentos se abrem.

– E o que acha que acontece?

– Tenho a impressão que a partir daí, passo a compreender toda a humanidade.

– E a se sentir bem, completei.

Viver neste mundo para si mesmo é contrariar a verdadeira existência, desde que não conseguiremos subsistir senão em sociedade com o próximo — é por esse motivo que as histórias de Robinson Crusoé, e outros indivíduos que se perdem nas florestas ou em ilhas, mostram que eles sentem enorme dificuldade em sobreviver. A vida social não vem propriamente de um pacto entre os cidadãos como queria John Locke (1632-1704), influenciado pela filosofia voluntarista inglesa de Duns Scot (1266-1308), pois a sociedade está acima dos homens.

– Enquanto o ser humano não provar que ele não é inimigo um do outro, a sociedade não irá melhorar.

– Ou, enquanto o ser humano não perceber que ele é inimigo um do outro, não haverá melhora social?

Toda a questão está ligada à conscientização dos erros, e provavelmente o esforço para não percebê-los é o engano fundamental que transtorna a vida social — temos de mostrar que na base existe o amor, o belo e a verdade, sendo que tudo o que não for assim é aberração.

– Sempre acreditei que o grande pecado fosse o sexo.

– E agora, o que pensa?

– Penso que a soberba e a avareza são os piores.

Essa crença de que o grande pecado residiria na sexualidade foi uma ideia que vigorou muito tempo, servindo como enorme desculpa para que os senhores do poder econômico escravizassem o povo, e ainda fossem admirados como magnânimos.

– Pensei sempre que a sociedade estivesse errada, e eu certa.

– Nesse caso, a sra. se colocou acima da sociedade, como Lúcifer pensa que o mundo precisa dele, e não ele da criação.

Todo indivíduo egocêntrico carrega uma grande inveja, soberba e megalomania, porque tem ideia de que está acima da sociedade — e justamente por esse motivo, mediocrizam o ambiente em que vivem.

– Fico indignada que minha filha não se dedique ao esporte, e agora arranjou essa dor de cabeça.

– Por que acha que ela arranjou essa dor de cabeça?

– Não tenho ideia.

– Não é porque a senhora pressiona sua filha, para que ela se torne uma grande atleta que ela não quer ser?

– Não havia pensado nisso.

Notem que geralmente os pais infantis encaminham os filhos para servi- los, tirando a liberdade de que eles sejam o que podem ser — no caso dessa cliente, tanto ela como o marido não alcançaram a glória na vida, e agora obrigam os descendentes a realizarem o que não conseguiram.

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